Maricá/RJ,

UMA DENÚNCIA: AGRESSÃO A QUILOMBOLAS EM PORTO ALEGRE/RS.

No quilombo da Família Silva, em Porto Alegre/RS, habita cidadãos, famílias negras, mulheres, homens, crianças e adolescentes negros, os quais vêm sofrendo preconceito racial, além de serem estigmatizados, uma vez que são previamente julgados como marginais.

Por outro lado, os verdadeiros marginais estão invadindo bancos, joalherias em Shopping Center, mas as forças policiais militares passam a adotar a tática ideológica de ação policial militar seguinte: "É negro, é suspeito de ser bandido"; "É negro e pobre, é marginal"; "É quilombola, então é um entrave aos interesses da elite do bairro Três Figueiras", quando os quilombolas são cidadãos porto-alegrenses, afro-brasileiros (negros), com residência fixa, porque quer queiram ou não o quilombo é uma residência fixa de um conjunto de famílias negras, de parentes negros.

Nossos irmãos quilombolas estão sendo constrangidos, humilhados, tendo a sua cidadania enxovalhada; impedidos no seu direito de ir e vir. Estão sofrendo constantes e sistemáticas humilhações, cujo objetivo é o de estabelecer o transtorno mental e a insegurança total dos quilombolas. Os idosos, as crianças, os adolescentes, as mulheres e homens negros estão sofrendo um processo de atemorização, a fim de que eles acabem desistindo do quilombo e, assim se cumpra o desejo das elites do entorno, os interesses das empresas de construção civil que estão de olho na área quilombola, mas que felizmente já tem proprietário há muito tempo: os negros integrantes de famílias quilombolas, da Família Silva.

Essa tática policial já é mais do que manjada: os policiais chegam com um grande aparato policial, assediam os negros, colocam em um paredão, com a justificativa fundamentada em argumentos que beiram a ficção de novela, afirmando que "marginais" se evadiram para o interior do quilombo. Então, humilham, ofendem, agridem fisicamente e com palavras preconceituosas, com falsas acusações, com ameaças de invasão ao quilombo, ainda que os quilombolas afirmem que estão indo ou retornando do trabalho, ainda que apresentem seus documentos de identificação civil, porque são cidadãos e trabalhadores civis; apresentem suas carteiras de trabalho.

Suas crianças e mulheres são acuadas, mas mesmo assim os policiais invadem o quilombo, fazendo com todos nós venhamos a retroceder no tempo, para o final do século XIX e início do século XX, quando os cortiços, os primeiros quilombos urbanos, os terreiros, as favelas, as quadras de samba eram invadidas e os negros humilhados, desrespeitados e tratados como malandros, marginais, um não-cidadão.

Mas, o que é feito dos cursos sobre Violência, Cidadania e Direitos Humanos que são ministrados para os oficiais das forças policiais militares, inclusive assessorados com qualidade pela Universidade, mas que, pelo visto, estão formando Capitães do Mato e não Capitães Militares!!!

Tenho grande amizade por um dos quilombolas ameaçado, um profissional de jardinagem, o Lorivaldino Silva, uma pessoa íntegra, um excelente caráter, uma pessoa humana, apaixonada pelo seu trabalho de cultivo de plantas e flores. Seu trabalho é embelezar mais ainda as nossas paisagens da Capital gaúcha, a nossa Porto Alegre, inclusive das casas de muitos burgueses, e quem duvide se também as residências destes policiais militares já não foram enfeitadas e embelezadas pelas mãos hábeis e pela sensibilidade do quilombola da Família Silva, o jardineiro Lorivaldino da Silva.

Pois é, contra a violência policial militar, o que podem oferecer de reação, esses negros? Suas carteiras de trabalho, suas flores, seu trabalho, sua dignidade, o acolhimento e o calor das suas famílias e seus jardins, suas flores, suas ervas quilombolas que curam e ao mesmo tempo, enfeitam o mundo.

Basta de humilhação, basta de preconceito racial e social, de desrespeitar seus direitos civis e humanos, ou será que ainda o branco não aprendeu a respeitar e a conviver com o negro, a respeitar sua cultura, seus valores, seus modos e maneiras de ser, de agir e de pensar; de festejar, de amar, de trabalhar e de rezar, etc.? Ou será que as forças policiais militares, na medida da expansão de seus contingentes, também desenvolvem forças racistas e anacrônicas, as quais promovem o conluio com outros interesses escusos, atacando aos quilombolas?

Referirmos ao Racismo Institucional, que é uma expressão por demais elegante, é deixar de afirmar que os quilombolas estão sendo violentados em seus direitos mais elementares, ao sofrerem com atitudes racistas, com discriminação social, com violência gratuita, com o desrespeito à pessoa humana, sobretudo para com os negros, que estão sofrendo constrangimentos e humilhações constantes; estão internalizando a perturbação mental, ao chegar do trabalho, do supermercado, da escola e visualizar uma viatura militar e policiais militares, já sabendo e antevendo que vão chegar mais tarde em casa, porque vão ser admoestados, desrespeitados e agredidos por "CAPITÃES DE QUILOMBOS URBANOS", embora não possamos generalizar para toda e qualquer instituição policial militar.

Enfim, exigimos policia comunitária no quilombo da Família Silva!

Como escreveu o antropólogo Luiz Eduardo Soares: "Nós todos sabemos que o mundo não se divide entre santos e demônios, mocinhos e bandidos. Nosso self moral é construído de modo precário, como são precárias todas as construções humanas (inter) subjetivas. (...) " Ventanias circunstanciais podem nos levar aonde não gostaríamos de ir, ou além do que nos consideraríamos capazes, para o bem, ou para o mal.Parece-me, entretanto, que estes policiais militares estão sendo arrastados pelas ventanias do mal”.

Iosvaldyr Carvalho Bittencourt Jr. Antropólogo.

Fonte: João Augusto Santos Silva
afronu@yahoo.com.br

(Trechos do texto publicado na internet em 31/08/2010)

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Em dia com a informação 13 de setembro de 2010 às 09:42  

Olá,
Gostei de ver a iniciativa de vocês.
Estamos aqui em Itabira, às voltas
com a cultura itabirana. Hoje estamos preparando uma atividade
junto ao Valeriodoce Esporte Clube, com o objetivo de contemplar, a população do bairro, aonde está localizado o clube.
Nele iremos produzir uma Senzala Cultural, prevista para a semana que comemorao o dia 20 de novembro.
Se tiverem algum projeto que possamos aproveitar em nossa programação, favor enviar material para o email:
jn.jesus@gmail.com
A/c de José Norberto de Jesus / Mauro Moura.
TEl. (31)8804-3545

Acesse: www.lestemais.com.br (nosso portal)

Abraços,
Norberto

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